19 de agosto de 2008

Zelo em excesso

Minha filha é o que tenho de mais precioso.
Mas ela não é como uma pedra preciosa, para qual, excesso de zelo é pouco.
É uma pessoa preciosa, onde o excesso de zelo pode ajudar por um momento, mas que, no futuro pode ser a resposta para uma série de frustrações e fracassos.
Não me acostumo a ouvir coisas do tipo:

“Os pezinhos dela estão descobertos! Ela vai gripar!”
“Não levanta muito ela pois pode faltar-lhe ar!”
“Não pega na parte de cima da cabeça porque afunda.”
“Que tosse é essa? Vamos... será que na farmácia tem carrinho de compras?”
“Olha onde ela colocou a mão! Vou ter que esquentar água de novo para dar banho.”
“A fralda tem que ser Soft Cotton Plus Baby.” Só falta o Tabajara.
“Que shampoo? Ah, aquele de 30 reais que é anti-alérgico e desenvolvido nos melhores laboratórios.”

Até o ponto de uma senhora me parar na rua em plenas 10 horas da manhã, colocar as mãos na cintura e quase me enquadrar:

- Como é que você tem coragem de andar com uma inocente dessas numa hora dessas, menino?!”

Ai meu Deus.
Eu era precioso pra minha família e, com certeza, não fui tratado assim.

Só de lembrar que eu comia barro... ahah

18 de agosto de 2008

Boca Suja

Quero agradecer a uma pessoa que mudou a minha vida.
Que me respeita e que me ajuda a ser feliz.

Minha mulher.

Tudo começou quando, numa festinha de aniversário em que fui de penetra, acabei me sujando com um pouco de salada. Virei e perguntei à pessoa do lado se minha boca estava suja e, ao invés de dizer que sim ou não, ela colocou o dedo no canto da minha boca e tirou um pedaço de mamão que estava lá.

Impressionado com aquilo, esperei alguns minutos para perguntar se ela queria ser minha.
Ela disse que ia pensar. E no outro dia estava lá na minha casa com uma amiga.

O primeiro beijo foi no meu capacete, logo após deixá-la na casa da amiga.
Virou paixão.
Que virou amor. Que virou ilusão, desilusão, pé-no-chão, conhecimento.

Que virou união quando, cansado de andar pelo péssimo calçamento até a casa dela (minha moto não agüentava mais) convidei-a pra morar comigo.

- Ano novo, vida nova. Disse ela, já que era fim-de-ano.

E ficamos juntos na nossa casa pela primeira vez no último dia daquele ano. Comemoramos nossa vida nova, nosso ano novo e nossa vitória numa batalha contra os besouros que já habitavam a casa, que se empolgaram com os fogos de artifícios e resolveram nos atacar. Eu matava a chineladas e ela vibrava.

Então virou cumplicidade quando, em minhas loucuras, ela não media esforços e renúncias para me acompanhar.

Que se transformou em eternidade quando ela me deu o maior presente de todos, minha filha.

A ela, dívida eterna de gratidão.

16 de agosto de 2008

Mundão

Aqui a água é fria, mas não posso negar que moro próximo a lugares deslumbrantes.
Serras gigantescas de onde posso avistar outras cidades inteiras, a imensidão de tudo e curtir o vento forte enquanto vejo.
O cuidado que os donos das casas têm ao colocar flores bonitas como muros e árvores para dar aquela sombra agradável.
As estradas todas encobertas pela sombra das serras, e um frio incrível em pleno meio-dia.
Só não combinam muito as curvas perigosas. Corremos o risco de perder a concentração contemplando a maravilha enquanto dirigimos.
São meus caminhos, que me levam às cidades onde atendo no trabalho. Mas me levam também à uma sensação de paz impressionante e a uma reflexão:

O quanto sou privilegiado! Esse mundo todo feito pra mim.

E o quanto sou pequeno! Principalmente diante de quem criou tudo isso.

É se sentir o máximo e o mínimo ao mesmo tempo... e com toda felicidade e compreensão.