25 de agosto de 2012

Fenômeno raro

Ontem aconteceu um fenômeno raro: não consegui segurar o choro e... Chorei.

A última vez que tinha derramado uma lágrima, foi no nascimento da minha filha há 2 anos e meio, que, cá pra nós, foi mais um choro de alívio do que de emoção. Antes disso, não me lembro ao certo quando tinha sido a última vez. Não que eu seja uma pessoa fria ou insensível. Muito pelo contrário. No entanto, chorar mesmo, só quando a emoção é tão extrema, a ponto de sair de mim, da minha personalidade razoavelmente forte. O fenômeno se tornou ainda mais raro, por causa do motivo do choro.

Há uma semana, comecei a ler “O Caçador de Pipas”. De cara, gostei do estilo do autor, da forma com que usava as palavras, e até como ele rodeava e rodeava para, enfim, chegar ao ponto. Até anteontem à tarde, havia lido até a página 116. E da 117 a 246, não consegui desgrudar o olho daquele livro. Dormi às 4 da madrugada, acordei às 7 da manhã, voltei a ler, dormi às 11, acordei às 12, comi algo de olho no livro e tornei a ler, até terminar ontem às 10 da manhã.

Em alguns momentos da leitura, fiquei muito comovido. A injustiça com os bons, acaba comigo. Mas nada que me fizesse ao menos umedecer os olhos. Eu tinha na minha mente os rostos e as expressões de cada personagem, e me veio a ideia de ver o filme. Procurei pela internet e não o achei. Então fui procurar no Youtube, e eis que acho um clipe de 7 minutos, com algumas cenas do filme.

Ao ver o rosto e olhar maravilhoso de Hassan, meus olhos se encheram. Os momentos que vi no livro, estavam aparecendo naquele vídeo. Hassan comemorando com Amir, indo embora... fiquei muito tocado, e... desabei. Chorei, não conseguia segurar, apesar de tentar. Minha esposa entrou no quarto e, completamente desacostumada com aquela cena, gritou “o que foi que aconteceu???” e veio ao meu encontro, olhando para a tela do computador. Tentei rir pra despreocupá-la, mas não consegui e acabei me abrindo com ela. “Estou chorando por causa de uma história.” Ela não entendeu e, respirando fundo, consegui explicar melhor.


Gostaria de recomendar o livro àqueles que gosto. E que, se possível, façam da mesma forma: primeiro o livro, depois o filme. Aí vocês me contam como foi.

21 de agosto de 2012

Quebra-molas

Hoje foi dia de compras na capital. As férias têm esse lado cruel: haja dinheiro que não existe! Roupas pra todo mundo e, pra mim, um presente especial. Entrei pro time dos endividados ricos e comprei um Galaxy SIII da Samsung. Era um sonho de infância, ter algum equipamento que fosse considerado o melhor do mundo. E depois de um dia inteiro batendo perna em Fortaleza, exaustos, finalmente estamos em casa.

Na volta, ainda em Fortaleza, passei sobre um quebra-molas. O balanço do carro assustou Liana, a filha mais nova de 2 anos, que perguntou:

- Que foi isso?
- Um quebra-molas. Respondi.

Se havia mais 380 quebra-molas até chegarmos em casa, ela perguntou mais 380 vezes.

Fora a parte de eu servir como jukebox das filhas, que me pediam pra cantar uma música atrás da outra. "Agora a do Alecrim..." "Agora a do Sapo..." E por aí vai.

Exaustos, chegamos em casa, e minha esposa banhava as duas meninas enquanto eu descarregava as compras do carro. Daí, levei-as para o quarto, coloquei cada uma em sua caminha, liguei o ventilador e dei-lhes um beijo dizendo "boa noite, te amo" só pra ouvir o "boa noite, também te amo, papai".

Mas o melhor estava por vir. Ao encostar a porta do quarto e dar alguns passos, escuto uma vozinha lá de dentro "eu também te amo, Lumara", e depois, "eu também amo você, Liana. Boa noite."

Assim essas meninas matam o papai.