23 de abril de 2009

Amigo Secreto

Estou há quase 13 anos na mesma empresa e, graças a Deus, tive muitas conquistas e cresci muito dentro dela. No entanto, tudo poderia ter ido água a baixo logo no primeiro mês quando participei do amigo secreto entre os colegas no final daquele ano.

No dia do sorteio dos papeizinhos, acabei pegando um outro estagiário. Menos mal, pois sou péssimo para escolher presentes - e você vai concordar inteiramente comigo mais à frente - e escolher para um chefe seria bem mais complicado.

Lá vou eu procurar um presente. Roupa não, pois acho chato escolher pra mim, imagine para os outros. Perfume também não porque podiam duvidar da minha masculinade, mano. Aí surge a grande idéia: um livro! O surto começa agora.

Na minha cidade não havia livraria e só podia ter livro nas bancas de revistas. Entrei naquela banca pequenina, milhares de revistas ao meu redor, e eis que meu olho fica frente a frente com uma tal revista. Na capa, uma espécie de charge de uma mulher com os peitos de fora chamando um senhor de idade com um balãozinho que dizia "nem penso nos milhões que você tem no banco". Sim, era uma revista com piadinhas imorais.

Eu não me lembro de mais nada até a entrega do primeiro presente na festa. Quando percebi a maluquice que havia feito, comecei a suar frio. Eu ainda tinha três opções: fugir, dizer que não trouxe o presente porque era muito grande ou contar com uma ajudinha divina.

Veio a ajudinha divina.

Acredito que Deus deve ter dado muita risada e, piedoso como sempre, me ajudou. O "felizardo" até então era o único que não havia chegado na festa. A cada presente que ia sendo aberto, eu grudava os olhos na entrada do restaurante pedindo que ele não chegasse. O meu nome não saía e algumas pessoas começaram a se preocupar com o rapaz que não chegava. Por sorte, celular era coisa de milionário naquela época e ninguém conseguiu entrar em contato com ele. Até que fui chamado e - olhando para a porta - falei com todo alívio do mundo que infelizmente o meu amigo secreto não estava entre nós mas que daria o presente dele posteriormente.

Se eu tinha alguma dúvida se Deus realmente existia, ali a dúvida foi limada! Mas nem precisava me colocar nisso, não é Pai eterno? A cada conquista dentro da empresa, lembro-me dessa história e agradeço a Deus de novo.

21 de abril de 2009

Preguiça

Sabe que às vezes eu paro pra pensar e surgem umas teorias meio malucas. Uma delas é que, para mim, a maior força que move a transformação do ser humano no mundo é a preguiça.

Tenho quase certeza de que as maiores invenções, as mais revolucionárias, foram criadas por grandes preguiçosos. Desde a invenção da roda, quando um preguiçoso pensou: “Caraca, dá muito trabalho carregar esse troço arrastando no chão!” Veja outras invenções que surgiram da preguiça:

Pólvora
Fez com que o preguiçoso não precisasse chegar muito perto da vítima e arriscar sua vida. E puxar o arco da flecha é bem mais desgastante do que puxar um gatilho.

Escrita
Pois era extremamente trabalhoso ter que contar a mesma história várias vezes.



Máquinas
Preciso falar? Acabaram com 99% do desgaste físico humano. Restou o desgaste de apertar os botões, mas já estão trabalhando em como ativá-los apenas com o pensamento.



Ferramentas
E até os sorrisos ficaram mais bonitos! Cortar grandes árvores com os dentes, nunca mais.



Veículos
Não vai falar que depois que você comprou sua moto, ainda tem forças para andar 100 metros a pé?



As grandes ideias sempre surgem para minimizar - ou até limar - o esforço e o desgaste. É a infindável busca pela objetividade, agilidade e eficiência, movida pela preguiça... quem diria. Então, quando alguém lhe chamar de preguiçoso, dê um sorriso irônico e responda que está revolucionando o mundo.

E falando em objetividade, siga-me no Twitter! Valeu.

15 de abril de 2009

O Cantor de Igreja

Há um movimento na igreja Católica conhecido como Renovação Carismática que há alguns anos acolhe muitos jovens que antes iniciavam na religião através dos sacramentos do crisma, primeira comunhão... a igreja e as pessoas que são responsáveis pelo seu crescimento perceberam que o jovem só é atraído por movimento, energia, emoção e som.

Pois é. Eu acabei embarcando nisso quando mais jovem. E entrei pela janela. Não passei por processos longos de aceitação ou outros critérios que nem vou comentar senão mudarei o foco do assunto. O fato é que eu tinha uma voz legal, grave, afinada e entrei em um grupo de música.

A minha mãe era bem afinada. Sempre cantava muito e ouvia muitas músicas de qualidade. Eu ficava muito ao redor e acabei seguindo no embalo. Acho que afinação não se aprende (pode-se até melhorar), mas é algo que Deus dá de presente.

E então comecei a cantar em um grupo da igreja. As missas mais bonitas tinham o grupo Totus Tuus na parte musical. Eu era apenas uma das oito vozes que faziam daquelas músicas, motivo de admiração e atenção durante a missa. Foi uma grande fase na minha vida, de muito aprendizado, de entender um pouco mais do sentimento das pessoas, principalmente com relação à religião. E o mais importante: amadureci muito entendendo que há pessoas de todos os tipos e que nem todas são boas apesar de parecerem. E, quando somos cientes de que as pessoas podem e têm o direito - que Deus deu - de serem falhas, ficamos menos sensíveis às possíveis decepções pela frente.

Deixei tudo para trás exceto duas coisas: a minha esposa - que conheci naquele tempo, e o prazer de cantar e ouvir uma boa música.

Contatos para show: (85) 8624... eheh estou brincando. Atualmente só canto no banheiro e para minhas meninas. :)

14 de abril de 2009

Reforma geral

O Blog já tem 2 anos e ainda não havia feito nenhuma mudança muito significativa. Não sei o que houve mas ultimamente tenho recebido visitas além do número natural e aí resolvi ajeitar mais um pouco.

Mudei a parte de cima com uma logomarca nova, mais moderna e considerando o anômimo mesmo. E haverá apenas 6 posts por página para ficar mais leve e respeitar aqueles que ainda não usam banda larga.

Coloquei links à direita para quem quiser fazer parte da comunidade do blog no Orkut e para quem quiser me acompanhar no Twitter.

Mudei a ordem das coisas da barra direita para priorizar o que acho mais importante mesmo. Os links dos amigos estarão ali sempre que atualizarem seus blogs (e sempre espero ansioso).

Procurarei usar o mínimo de fotos da internet e produzir minhas próprias fotos para ilustrar o blog. Vai ficar ainda mais original.

Bom, espero que você goste e continue sempre bem vindo ao nosso blog. Obrigado a todos que comentam e ajudam a divulgar.

Para matar a saudade, veja links dos posts mais memoráveis segundo a comunidade. Um abraço!

http://anonimofamoso.blogspot.com/2007/04/coisas-de-me.html - Coisas de Mãe

http://anonimofamoso.blogspot.com/2007/05/no-eu-no-dou-sinal-de-luz-para-os.html - Não dou sinal de luz

http://anonimofamoso.blogspot.com/2007/06/saudade.html - Saudade

http://anonimofamoso.blogspot.com/2007/06/blog-post.html - Água pura

http://anonimofamoso.blogspot.com/2007/08/flanelinha.html - Lavador de Carros

http://anonimofamoso.blogspot.com/2007/09/doce-de-leite.html - Doce de leite?

E tem muito mais!

13 de abril de 2009

Ninar

Dormir ao som de uma música é bom. Dormir ouvindo o pai ou a mãe cantando é indescritível. E nem precisa ser filho do Fábio Júnior, do Julio Iglesias ou da Zizi Possi.

Ouvir a voz de quem temos certeza que nos ama, cantarolando o que a gente nem entende, parece surtir um efeito de proteção, tranquilidade, paciência e muita confiança. A Lumara é difícil de dormir. É elétrica! Quando a gente pensa que ela vai dormir, ela percebe algo e pronto, volta à eletricidade máxima. Mas... quando a gente resolve ter a paciência de cantar, ela para, observa, pouco-a-pouco encosta a cabeça em nosso peito e... puf! Dorme.

Tenho uma tia que descobriu uma melodia fatal. É de uma música que sempre se canta nas igrejas católicas que diz "Aleluia" oito vezes seguidas em tons diferentes. É tiro e queda. Percebi que ela também gosta das melodias de alguns comerciais que ouço de vez em quando, em especial, um do canal Futura onde um homem de ar sai flutuando pelo mundo do conhecimento. Estou tentando adaptar o hino do São Paulo mas não tem sido muito eficiente.

Enfim, já é uma tradição de família. Minha mãe também cantava pra mim e, o melhor, com letras próprias! Uma delas e a mais inesquecível era:

"Luilton Pires de Almeeeeidaaa... é um menino inteligente!
Ele é o meu futuuuuuroooo e tambéééém o meu presente!
Ele quando cresceeeeer, vai ser o que ele quiseeeer...
Só seeeei que para ele, não vai faltar mesmo é uma mulheeeeer!
Laiá-laiála-lalalaiá-laiá-laiála!"

7 de abril de 2009

A época das brincadeiras

Durante minha infância, uma brincadeira era como uma estação do ano: tinha seu tempo, sua época.

Tinha o tempo da bila...
Bola de gude

E todas as ruas se enchiam de buracos, cacos de bila, cada criança com seu saquinho de bila, bilas coloridas, havia luta pelo maior cocão (bila maior), bilas de ferro eram roubadas dos rolamentos nas oficinas e muita diversão.

Tinha o tempo da arraia...
Pipa

E todas as crianças não viam a hora de voltar da padaria, pegar a sacola e transformar em rabiola (rabo da pipa). As papelarias adoravam ver aquele monte de criança querendo comprar papel de arraia. Linhas nylon – sem cerol - enroladas em latas de leite vazias para passar a tarde inteira vendo aquele colorido no céu.

Tinha o tempo do estorô...
Uma espécie de polícia e ladrão entre grupos.

E ninguém queria correr menos que o amiguinho. Os moradores nem estranhavam quando a gente invadia seus quintais procurando um bom esconderijo, e ninguém se importava de correr sem camisa e com uma máscara de ninja pelo meio das ruas.

Tinha o tempo do tubo...
Esconde-esconde onde o poste é substituído por um tubo de plástico.

E não se falava em mais outra coisa durante todo o dia. Mais de 20, 30, 50 crianças de todas as partes da cidade se reuniam em volta de um único tubo. O que conseguia chutar mais vezes o tubo e libertar muitos amigos virava herói no dia seguinte.

Tinha o tempo da carteira de cigarro...
Embalagens de cigarro transformadas em notas – como dinheiro - que eram usadas em pequenas apostas ou competições de tiro de chinelo à distância.

E rico era quem conseguia encontrar uma carteira de cigarro importado. A demanda das ‘notas’ definia seu valor. Lembro-me que Belmont (a mais usada por bêbados) era a nota mais baixinha, todos conseguiam achar. A Charm era de valor médio. Malboro e outras raras eram equivalentes a ouro. E em toda a minha vida, jamais encontrei outra boa serventia na fabricação de cigarros.

Tinha o tempo do futebol de travinha...
Futebol jogado no meio da rua onde as traves têm menos de um metro e são feitas com uma banda de tijolo ou chinelos.

Ah, o futebol! Todo tempo era tempo de futebol. Chegar da aula, trocar de roupa e partir para a rua jogar futebol! Ainda lembro de detalhes, algumas jogadas e de um gol de cabeça que fiz.

A infância precisa ser intensa, gostosa e inesquecível. Tive muita sorte por ter pais que compreendiam isso e ainda, por ter amigos que me ajudaram a fazer de minha infância a preciosidade que foi.

1 de abril de 2009

Vocação para ensinar

E quando eu pensava que tinha o dom de repassar conhecimento e ensinar, eis que minha esposa faz a pergunta que mudou completamente esse pensamento:

- Mô, me ensina a dirigir?

A princípio considerei uma ótima ideia. Lembrei das viagens que fazemos à noite e que eu bem que poderia trazer a Lumara no colo enquanto ela dirigiria. Topei na hora e aí fizemos a primeira aula.

Senti que ela estava emocionada ao sentar no banco do motorista. Suas mãos tremiam um pouco e seu sorriso era contagiante. Percebi também que ela tentava me esconder, por trás desse sorriso, que estava morreeeendo de medo. Tentei tranquilizar falando que era muito simples e dando as orientações mais básicas.

O carro estancou cinco vezes antes de ela conseguir sair. Não adiantava eu tentar acalmar, o negócio não fluía. E aí seguimos normalmente, de segunda, quando vem um carro em nossa frente numa pista onde passariam uns 10 carros ao mesmo tempo:

- E agora, e agora, e agora? Perguntou ela.

Repeti "calma" muitas vezes sendo que eu mesmo não consegui ficar calmo. Ela parou o carro e disse que nunca mais dirigiria comigo do lado.

Um mês depois, eu mesmo, com sentimento de culpa, decidi pedir pra ela tentar mais uma vez. Ela aceitou. Nessa vez, o carro só estancou quatro vezes e no primeiro cruzamento ela quase subiu na quina da rua quando foi fazer a curva. Confesso que perdi um pouco a paciência, aliás, descobri que não tenho paciência para ensinar a dirigir.

O que me conforta é que conversei com alguns amigos que comentaram sobre a mesma dificuldade. Concluí que é extremamente difícil "ensinar à noiva, namorada ou esposa a dirigir". Por que será?

Aqui fica meu reconhecimento aos amigos que conseguem essa façanha. :)