17 de março de 2010

Apressadinha


Sabe aquele meu desejo de que minha segunda filha viesse na hora certa? Doce ilusão.

Eu estava viajando a trabalho, quando minha esposa liga:

- Amor, estou sentindo umas "dorzinhas" mas não se preocupe não. Vou chamar um táxi pra me levar a Fortaleza agora, porque acho que vou ter a nenê.


Perguntei se ela estava abirobada do juízo e disse que em 30 minutos estaria em casa. A cidade em que eu estava fica a 46km daqui e eu cheguei em exatos 30 minutos, de moto. Encarnou o Valentino Rossi em mim.

Quando cheguei, os portões já estavam abertos e com todas as coisas dentro do carro. Voei até a capital. Minha esposa estava calma, mas de 10 em 10 minutos ela sentia umas dores que doíam até em mim. Liana tinha menos de 8 meses mas parecia querer sair dali de qualquer jeito.

Como moramos em uma cidade pequena e distante da nossa família e não conhecemos muitas pessoas - na verdade, nem dos vizinhos lembro os nomes direito -, éramos só Deus, ela, eu e minha filha de dois anos pra ajudar a ficar ainda mais complicada a situação.

Ao chegar no hospital, o médico, prudentemente, ainda pediu pra fazer um exame que detecta se a mulher realmente está em trabalho de parto, em outra clínica. Outro sofrimento: sair do hospital, enfrentar trânsito, fazer o exame, enfrentar trânsito, voltar para o hospital... e tudo isso com a Lumara brincando, pulando e chorando.

Não deu outra. Liana estava decidida.

Então começamos a receber ajuda dos anjos que Deus manda, depois de nos testar. Enquanto minha esposa estava internada sob os cuidados das enfermeiras, fui deixar a Lumara na casa de um primo, para voltar e fazer companhia a ela. A esposa dele se ofereceu para ir também, e isso foi muito importante. Daí, resolvi chamar quase três mil pessoas para participarem comigo daquele momento. Comecei a "twittar" pelo celular, e dividi a ansiedade com muita gente.


Pode parecer bobagem, mas as dezenas de respostas que recebi nesse momento foram bem importantes. Cheguei a não perceber que o parto estava demorando mais que o normal e, por isso, ter ficado ainda mais preocupado.

Uma hora antes do dia do aniversário de dois anos da irmã, Liana veio. Perfeita, chorando muito, uma beleza! Quando trouxeram minha esposa na maca, fiz um sinal de "positivo" e ela, completamente grogue por causa da anestesia, deu um sorriso de leve.

Pronto, a felicidade estava completa. Só faltava eu ver a minha filha, e quando fui no berçário para ver, não deu pra segurar e meus olhos se encheram de lágrimas porque Deus, mais uma vez, havia sido muito generoso comigo. Tivemos que passar mais uns quatro dias no hospital, mas felizmente já estamos em casa e está tudo bem.

A felicidade de viver está em viver intensamente cada momento, e dar o seu melhor para que esse momento termine bem. Acredito que o sentido da vida está exatamente nisso. Aproveito ainda para agradecer a Deus por tudo, pelo médico sempre atencioso e responsável, pelas enfermeiras, pela minha família, pela família da minha esposa, pelos meus amigos (inclusive os do Twitter) e principalmente pela força incrível da minha esposa e de todas as mulheres que são mães e passam por tudo isso.