17 de setembro de 2009

A culpa é da mulher

No final, todo homem quer conquistar a admiração dos outros. Principalmente das mulheres. Nesse caso não estão inclusas as mulheres com as quais o homem jamais poderia constituir uma família, como por exemplo a mãe, a avó ou uma filha. Quando toma qualquer atitude ou escolhe aquela roupa diferente, ou ainda, faz aquela tatuagem... no fim, o interesse é sempre o mesmo: “Quero ser admirado. Principalmente pelas mulheres."

E quando falo em “qualquer atitude” é qualquer atitude mesmo. Até o mover de um palito de dentes à boca, é motivado por esse interesse. Agora você, homem, deve estar se perguntando: “Ué, mas estou aqui na frente do computador lendo um blog... em que meu interesse pela admiração de mulheres tem a ver com isso?”

Não é difícil de entender. Se um homem fizer um exercício do tipo “perguntas sem fim”, como por exemplo:

Por que estou lendo esse blog?
Resposta: Porque não tenho outra coisa pra fazer.

Por que não tem outra coisa pra fazer?
R – Porque estou no meu horário de descanso.

Por que está no horário de descanso?
R – Porque trabalho o dia inteiro e mereço.

Por que trabalha o dia inteiro e merece?
(enfim...)

A resposta final de um ciclo aparentemente interminável de perguntas só terminará quando ele disser: “Porque quero ser admirado. Principalmente pelas mulheres que admiro.” E se você continuar o exercício se perguntando por que quer ser admirado, vai responder com “porque sou homem e minha natureza é assim.” E aí finaliza. Para um homem, ser admirado por uma mulher que ele próprio admira, é o atestado de que suas atitudes estão levando-o ao rumo certo de sua vida.

Essa mulher diz: “Ah, como é lindo o homem com barriga de tanquinho.” E o homem irá para academia, fará flexões ou tomará anabolizantes para ficar forte e com o tal do tanquinho. Ela valoriza quem tem dinheiro, e o homem busca fazer o máximo de fortuna possível, independentemente da forma, alguns com honestidade, outros não. Ela valoriza quem é decidido, e o homem vai lá e toma decisões com toda firmeza, alguns sem nem pensar direito nas consequências.

Certa vez questionei um amigo que passou a fumar maconha e perguntei por que ele havia entrado nisso. Ele respondeu: “Porque mulher gosta é de maconheiro.” Não é que todas as mulheres do mundo gostem de maconheiros, mas as que eram alvo do desejo por admiração do meu amigo, ou seja, as mulheres que ele admirava, gostavam. E de repente ele mudou por isso. Da mesma forma como muitos amigos que passaram a ir para festas, começaram a beber e até a frequentar igrejas. “As mulheres gostam” é o motivo final, e a penúltima resposta antes de sua própria natureza.

Quando eu tinha por volta de 6 ou 7 anos, admirava muito uma vizinha que tinha seus 17 ou 18 anos. Achava ela muito bonita. Ficava vermelho quando a via. Minha mãe contava que um dia me mandou calçar o chinelo e eu não fui. Essa vizinha pediu que eu fosse e imediatamente fui. Voltei exibindo meu chinelo quando ela disse que "não gostava de menino com cabelo assanhado." Fiquei com vergonha, saí de fininho e cinco minutos depois, lá estava eu com o cabelo penteado. E ela ficou brincando comigo. Cada vez que eu ia e voltava, ela dizia que estava faltando algo e eu ia, ajeitava e voltava novamente, só pra ser admirado por ela.

Conheço homens que passaram a infância e a adolescência como nerds, CDF's, bons alunos, boas pessoas, educados, mas... como as mulheres que eles admiravam não curtiam isso eles, puf, mudaram. Assim como conheci um cara que era um perfeito vagabundo, mas que se transformou após perceber que a mulher que ele admirava, não daria chances a quem não gostasse de trabalhar, transformando-se num batalhador e trabalhador de mão cheia.

Com isso, as mulheres podem ter uma certeza: elas são responsáveis pelo destino dos homens que as admiram. E o comportamento do homem, nada mais é do que o reflexo do que as mulheres que ele admira, esperam dele. Ou seja, se hoje sou como sou, é culpa da minha esposa. Se você, homem, é como é, é culpa das mulheres que você admira.

Já estive lá! [Varshana]

5 de setembro de 2009

Leopardo

Música nos remete a lembranças e fatos que aconteceram enquanto a ouvíamos. Se algum fato marcante lhe ocorreu e naquele exato momento tocava uma música, nem que se passem 30 anos, você lembrará o fato assim que a ouvi-la novamente.


Assim também é o perfume. O cheiro, assim como a música, marca acontecimentos ou períodos no tempo. E no meu caso mais ainda, pois nunca usei o mesmo perfume por 3 vezes seguidas. Sempre mudava. Então, quando sinto o cheiro de um dos meus perfumes do passado, sempre lembro a época em que o usava. Impossível sentir o cheiro do número 65 do Contém 1g e não lembrar o dia em que perdi minha mãe ou ainda sentir o fortíssimo Free do Boticário e não recordar da primeira namorada.


Ontem senti um cheiro, que me fez lembrar algo que definitivamente ficou marcado. Trata-se da fragrância de uma colônia chamada Leopardo, que foi o primeiro perfume não tão barato que comprei.


Leopardo foi indicação de um colega de estágio, que contou que usava e as meninas gostavam muito por ser doce e agradável. Não contei pipoca e no caminho de casa, passei na loja onde tinha todos os perfumes que se possa imaginar. A Loja do Careca. E o Careca foi outro que disse que o perfume era uma maravilha, que era muito comprado e que as mulheres adoravam. Não pedi nem que tirasse da caixa e já levei.


À noite, antes de ir para o colégio, abusei. Passei Leopardo até onde você, que só pensa maldade, está pensando. E a primeira reação foi memorável:

- Que diabo de cheiro é esse, menino? Perguntou uma colega.

Aquilo me matou, mas eu ainda tinha esperança de que só ela não havia gostado.

- Ave, que perfume podre! Vai trocar isso! Disse outra.

Aí foi o fim. Admito ser chamado de feio, de bocó, de burro, de imbecil, de idiota, mas de fedorento não.

- Valha, como tu tá fedorento! Disse a terceira e última que me viu naquela noite.


Antes de a aula começar, voltei pra casa correndo, pra tentar chegar a tempo. Tomei um banho, tirei aquela coisa de mim, e nunca mais usei Leopardo... no corpo.


Eu jogava futebol, era goleiro titular do colégio e jogava praticamente todos os dias. Dias antes de comprar Leopardo, eu havia comprado um par de luvas especiais, com boa fixação, lindo design e com uma textura perfeita pra agarrar melhor a bola. Eu não costumava lavá-las e, por concentrar um volume considerável de suor, ficavam com cheirinho ruim. Então tive uma idéia genial: passar Leopardo nelas.


E derramei o vidro inteiro nas luvas. Não era possível que o cheiro de Leopardo fosse pior do que o do suor.


Mas era.


E aquele cheiro me acompanhou por toda minha adolescência durante os jogos. E o pior: impregnou de um jeito que por mais que eu lavasse as luvas, o cheiro não saía. E não saiu até hoje.


Ontem estava arrumando uns trecos aqui em casa e achei as coitadas e quando peguei que senti, lembrei de tudo. Leopardo, mais marcante impossível.