21 de março de 2008

Surdo-mudo

Tive que passar três dias em Fortaleza por causa da internação da Lumara. Ela estava amarela, tadinha, com icterícia. Até que ela ficou legal e original aquela cor, mas como se trata de uma doença o médico não deixou que ficasse assim. Ela precisava ficar numa incubadora com luz e calor que eliminariam a doença. Deu certo e ela já está branquinha de novo.

Mas... nem imagine o tédio durante esses três dias. Pra começar, nós fomos a Fortaleza preparados para apenas uma tarde e tivemos que ficar três dias. A minha sogra, que foi junto, ficou com a mesma roupa durante todos os dias, não é lindo isso? A minha esposa não teve muito problema, afinal ela está lactante e os peitos dela ficam pra fora por 80% do tempo em que está acordada. O fato de termos ficado num apartamento legal, com ar-condicionado ajudou um pouco. Eu só suportei a mesma roupa (que já havia passado o dia anterior inteiro com ela) por mais um dia e meio e fui comprar umas roupas pra mim na loja Renner. E para combater a rotina tive que pensar em algo diferente.

Como estava em Fortaleza, tudo pode acontecer. Lembra disso e disso? Pois então.

Para chegar na Renner, eu tinha que atravessar o shopping inteiro com aquela roupa “cheirosa e bem passada...” Então tive que desviar das pessoas com pelo menos dois metros de distância e entrar de maneira sorrateira nos corredores, até chegar na loja.

Eu fui comprar uma roupa pra mim, uma calcinha pra minha mulher e uma roupa para a minha sogra... quer dizer... eu não iria comprar nada para a sogra, mas é bonito dizer esse tipo de coisa né?

Na entrada da loja havia uma sessão de bijuterias e pensei em levar algo de diferente para a minha esposa. A atendente veio e no momento em que fui pedir uma sugestão chegou uma madame mal-educada e perguntou um troço lá. A atendente me abandonou e foi falar com ela. Naquele momento fiquei mudo e sem reação. E quando ela retornou pra mim, uns 3 ou 4 minutos depois, continuei mudo, só gesticulando, como se nada tivesse acontecido.

Fiquei fazendo gestos e ela tentando me responder. Fiz a linguagem de surdo-mudo e ela então percebeu que eu era deficiente:

- Nossa, ele é surdo-mudo... Sussurrou.

Perguntei se várias peças eram bonitas e o que ela achava. Ela só sabia fazer o gesto conhecido como “legal”, nada mais. Além disso ela coçava a cabeça também. No final não escolhi nenhuma bijuteria e ainda perguntei onde ficava a sessão de cuecas. Imagina a cena, por favor. Risos.

Então escolhi as roupas e fui ao caixa. O rapaz lá, sim, sabia atender bem. Continuei como mudo e ele me perguntou tudo gesticulando bem, se era em dinheiro ou cartão, de quantas vezes, etc. Pena que ele não entendeu a linguagem surdo-mudo que eu fazia com as mãos.

Bem, na verdade eu também não faço a mínima idéia do que eu estava querendo dizer com aqueles movimentos com as mãos, mas ele foi muito atencioso e pelo menos me ouviu... quer dizer, me olhou.

De volta ao hospital, umas risadas pra relaxar e nada melhor do que lembrar da cara da atendente quando eu perguntei onde era a sessão de cuecas durante o tempo restante que fiquei por lá. Ajudou-me a relaxar e ter paciência.

Nana

A Nana pediu, e não seria carinhoso de minha parte deixar de atender a um pedido de quem sempre está aqui lendo minhas coisas.

O pedido foi que eu pegasse o livro que estou lendo, abrisse na página 161 e colocasse a frase da 5ª linha. Bom, vamos lá.

O livro que estou terminando de ler, não tem 161 páginas. Tem 160! Não Leve a Vida Tão a Sério de Hugh Prather. É um ótimo manual da felicidade.

19 de março de 2008

Sorte contagiante

Eu sempre me achei um cara de sorte. Não posso reclamar.




E parece que essa sorte é contagiosa. Aproveite.



Digite "procuro sorte" sem as aspas no Google e veja onde vai dar... ahahaha

9 de março de 2008

O Nascimento de um Sonho

Viajei para Teresina no domingo para passar uma semana dando um curso. Em casa, deixei minha mulher e minha filha dentro da barriga dela. Na segunda-feira, Lumara decidiu sair desse lugar solitário e vir para o nosso mundo. Recebi a notícia por telefone:

- [musiquinha do telefonema a cobrar]
- Oi amor, tudo bem aí? Eu disse.
- Tudo... quer dizer, a Lumara vai nascer daqui a uma hora. Respondeu ela.
Após a divulgação da notícia entre amigos, recebi trocentas mensagens de texto, recados no orkut, perguntando como eu estava, pois imaginavam que eu estivesse maluco.

Maluco eu já sou. Mas, como a vida é feita de escolhas, escolhi ficar tranquilo, me equilibrar e fazer o máximo que eu podia àquela distância: pedir a Deus que ajudasse minha mulher e o doutor para que tudo corresse bem.

Então a bebê nasceu. E minha esposa ligou novamente:

- [ligação a cobrar. para aceitá-la continue na linha após identificação... tutuuuu]
- Nasceu? Perguntei.- Sim amor... é linda, é a sua cara.
- Como assim? Ela está saudável?- As mãos e os pés são os seus! Está toda certinha!

Bom... então ela não é lááááá a minha cara. Mãos e pés... tá bom, é melhor do que nada. Fiquei ansioso para ver as fotos, mas o hospital não permitiu câmeras digitais no berçário. Afinal, ela nasceu de 8 meses e estava na incubadora.

Passei a semana inteira me equilibrando, afinal, estava dando um curso para 30 pessoas. A ansiedade era muita. Queria mesmo chegar logo em casa e, mais do que ver, sentir a minha filha. Ver se ela riria pra mim, se ela ficaria calminha nos meus braços, se ela não tinha algo além das mãos e dos pés que parecessem comigo.

Ao voltar, pedi ao piloto do avião que fosse um pouco mais rápido. Quando peguei meu carro em Fortaleza, quase que me lasco por umas três vezes. Aquele negócio do equilíbrio acabou por ali. Até que cheguei em casa. Beijei minha esposa, a agradeci e parabenizei porque não consigo nem imaginar o sofrimento de uma mulher ao parir.

E o rostinho dela? Lindo. O cabelinho? Lindo. Os olhinhos? Lindos. O nariz? Lindo. Tudo era lindo! Inclusive as mãos e os pés. Não chorei, porque tenho muita consciência do que vou ter que enfrentar por ela. Foi uma mistura de felicidade com responsabilidade. Vou me dar por completo a ela.

Depois conto mais detalhes de minha vida como pai. Já tenho umas boas.
Abração.

4 de março de 2008

Nasceu!

A Lumara nasceu.
É tanta coisa que tenho pra falar sobre isto.
Que não sei como começar.

Então, por enquanto, é só pra registrar. E desde já, muito obrigado pelos parabéns que sei que receberei por isso.

Estou imensuravelmente feliz.

Pra variar, esse acontecimento foi cercado de coisas inusitadas e engraçadas. Dessas coisas que só acontecem comigo. Vou contar tudo logo, logo.

Um abraço a todos.