Se você pensou que essas duas crianças da foto são as minhas duas filhas, temos algo em comum: eu também teria pensado.
Na verdade, à minha esquerda está a Mariana e à minha direita, Mariele. As duas tinham 4 e 2 anos na época, respectivamente. Em 2003, quando eu apenas sonhava em ter filhos, fui transferido para outra cidade e passei a morar num pequeno prédio com apenas quatro apartamentos. O prédio era amarelo, com um grande portão de colunas na frente. Havia um pátio entre o portão e os apartamentos, sendo que eram dois à esquerda e dois à direita, um em cima do outro. Minha esposa chamava o nosso prédio de “a casinha de bonecas”, já que cada apartamento tinha uma cor diferente.
Eu morava com minha esposa no apartamento de baixo, à direita de quem chegava no portão. Na casa de baixo à esquerda, morava uma simpática senhora separada e suas duas filhas. Essas duas meninas desenharam o meu futuro. Hoje vejo minhas duas filhas com as mesmas idades que elas tinham e não tem como não se lembrar de Mariana e Mariele.
Praticamente todas as noites nós brincávamos juntos. Em muitas oportunidades, nós pedíamos à Bia, mãe delas, para irmos a uma lanchonete, ou só passear de moto, os quatro, Mariele na frente, eu, Mariana e minha esposa. Obviamente, essas experiências me serviram como aprendizado. Foi um verdadeiro teste, e a cada dia minha esposa e eu nos sentíamos mais preparados para sermos pais. Havia dias que sentíamos o contrário, claro.
Para acabar de completar, o gênio das duas eram impressionantemente iguais aos gênios das minhas filhas atualmente. A mais nova, mais birrenta, chorona, carinhosa e menos tímida; a mais velha, mais calma, paciente, doce e atenta.
Será que Deus fez isso de propósito?
O fato é que Bia, Mariele e Mariana voltaram para sua cidade, Rolante-RS, e nós nos mudamos pouco tempo depois para outra cidade. Nunca mais nos vimos, mas a lembrança é muito forte, e a gratidão também. São daquelas pessoas que passam por nossa vida rapidinho, mas que deixam marcas pra sempre. Espero um dia poder reencontrá-las pessoalmente, porque sei que há um pouquinho delas nas minhas filhas, e a cada beijo que dou nelas, também estou beijando minhas “filhas” Mariana e Mariele.