Mas o que aconteceu pra que eu sentisse isso? Um fato tão lamentável quanto inesquecível.
Eu sempre recebia muito bem aos TJ na minha casa. E olha que até naquele domingo mais preguiçoso, eu me levantava, interrompia café da manhã e até parava transa pra atendê-los. E, acredite, até a revistinha eu comprava nem que fosse pra minhas filhas rasgarem. Até que um belo dia eu cheguei do trabalho cedo e fui na quadra de esportes vizinha à minha casa, pedir a quem estivesse lá que deixasse eu jogar junto (e perder algumas calorias, etc.).
Então chego lá, já calçado, com toda humildade e respeito:
- Boa noite, tudo bem? Será que eu posso brincar aqui com vocês?
Eles se olham desconfiados e pedem pra eu falar com um senhor barrigudo que estava do outro lado da quadra. Como um cachorrinho, eu vou lá:
- Olá, como vai? Será que eu poderia jogar com vocês?
- Hum... é que aqui só tem testemunhas de Jeová.
- Ok, será que eu posso brincar com vocês hoje?
- Nós somos testemunhas de Jeová, você não entendeu?
- Não...
- A gente veio só brincar, não somos competitivos, não falamos palavrões no jogo.
- Eu tenho exatamente essas características.
- Não dá, a gente nem jogar sabe...
Então percebi que eles não queriam se misturar comigo. Saí p&%$ de raiva e prometi que ia descontar isso em todos os TJ que ousassem ir na minha casa.
Daí, sempre que algum vem na minha casa em domingos pela manhã (como hoje), eu conto pra eles essa mesma historinha e faço um sermão dizendo que todos devem se respeitar apesar de religião. Acredite se quiser: nenhum pediu desculpas e alguns ainda tentam se justificar. Teve um que soltou a pérola "no mundo de hoje, ninguém sabe se a pessoa pode andar armada né".
Obviamente, não generalizei todos os TJ naquela pessoa ridícula que foi o barrigudo. Como disse antes, até tenho amigos TJ que gosto muito. Mas isso eu não vou mais esquecer, nem que eles fizessem um amistoso internacional onde eu fosse a principal estrela do dia.