Se tivéssemos a certeza do que vai acontecer amanhã, a vida seria completamente monótona e provavelmente muito sem-graça. Apesar disso, há uma procura imensa pela capacidade de prever as coisas. Faz parte da nossa humanidade, tentar descobrir o que o futuro nos reserva.
Algumas pessoas usam da fé para criarem dentro si, a certeza do amanhã. Mas fé não é certeza e certeza não é fé, por isso mesmo são duas palavras diferentes. Fé tem a ver com “acreditar que é possível” e certeza já é o fato concreto em si. É possível ter fé no amanhã, mas a certeza nunca será plena com relação ao futuro. Você pode ter fé que o cliente que lhe comprou 50 vezes fiado e pagou sem nenhum dia de atraso, não vai atrasar na próxima compra. Mas você arriscaria dizer que tem certeza disso?
Infelizmente não dá pra viver confiando apenas na fé, pois o acaso está sempre fazendo parte das nossas vidas. Sempre há espaço para o inesperado, sempre há uma possibilidade, sempre há um risco, sempre há uma chance. O máximo que podemos fazer é ter as atitudes necessárias para desenhar o nosso futuro, reduzindo as chances do acaso mudar tudo. E falo “reduzindo” porque é impossível simplesmente eliminar o acaso. Ele sempre estará lá.
Eu desenvolvi uma teoria chamada RAFLU – Regra do Acaso Flutuante que traz para nós, o máximo de comando possível do nosso futuro. O acaso sempre existirá, mas ele “flutua” de acordo com as nossas ações.
Quanto mais você deixa sua vida nas mãos do acaso – próximo aos 100%, menos controle do seu futuro é possível ter. O acaso nem sempre é ruim. Algumas vezes, o time que chutou 30 vezes ao gol perde para o adversário que chutou apenas uma vez. Mas, definitivamente, não recomendo que você conte sempre com isso.
Quem deseja desenhar o futuro, puxa a setinha do acaso para o mais próximo possível de zero (sendo que o zero absoluto nunca vai ser possível). Esse “puxar a setinha” é baseado em cada uma nossas atitudes preventivas ou ainda pelas iniciativas que temos perante os fatos.
Quando o cantor Zeca Pagodinho canta “deixa a vida me levar”, ele está ignorando completamente a setinha do RAFLU e deixando sua vida nas mãos do acaso. Aposto que ele falou isso da boca pra fora porque, certo dia, o vi na TV resgatando pessoas após o mais incontrolável dos acasos, que são os fenômenos da natureza, como a chuva. Imagine estar em um barco sem leme, deixando o rio furioso lhe levar para onde ele quiser. Nem pensar.
Você pode usar o RAFLU em qualquer área da vida e para qualquer objetivo traçado, por mais simples que seja. O que você está fazendo em sua vida e em seu trabalho para “puxar a setinha” do RAFLU e não deixá-los nas mãos do acaso?
Acredito que quase nunca deixei minha vida, meus estudos nas mãos do acaso. Sempre planejei meus dias, pois tenho um certo medo de viver eternamente no "carpe diem". Embora o acaso sempre apareça... Estou sempre tentando puxar a setinha do "RAFLU" para o mais próximo possível de zero. :)
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