6 de novembro de 2009
Um tocar diferente
Enquanto minha colega conversava com a mãe do menino sobre negócios, eu não parava de me admirar com aquela criança elétrica que brincava e andava pela casa como se tivesse uma visão normal, desviando de tudo, voltando a cabeça para quem falava...
Mas o que me impressionou mesmo foi sua sensibilidade. Ao perceber que eu estava lá, ele foi até mim. Com os bracinhos esticados e mãos sedentas por informação, por sentimento, ele tocou minha bolsa, depois meu braço e depois meu rosto.
- Você é o marido daquela menina que tá falando com minha mãe? Disse ele.
- Não, eu sou muito feio pra ela. Respondi rindo.
Ele riu e continuamos conversando. Enquanto conversávamos ele não parava de tocar em mim, na minha bolsa, querendo saber o que tinha dentro. Sua mão era tão macia, tão viva que eu a sentia como se estivesse me sugando informações, e de fato era isso que estava acontecendo. O mais interessante é que era um toque de carinho, de respeito, de “quero saber como você é, porque isso é importante pra mim”.
Mal sabia ele que estava sendo muito importante pra mim também. Aquilo me fez refletir muito sobre a atenção que devemos dar às pessoas, suas informações e do quanto é valioso receber atenção. Fez-me entender ainda mais que o olho é apenas uma das infinitas maneiras de se perceber alguém.
31 de outubro de 2009
Casamento
15 de outubro de 2009
Vai!
E toda estrada carroçal é cheia de desvios e entradas, então, torna-se praticamente uma obrigação ter que parar para perguntar a quem aparecer no caminho. O problema é que fomos em horário de almoço e não aparecia ninguém para nos dar informação. Aí fiz o vídeo abaixo pensando em postar pra você.
No entanto, o engraçado do vídeo é mais uma vez a minha filha. Sempre que pegamos a câmera digital e apontamos pra ela, dizemos "Vai!" para que ela faça uma pose. Ela aprendeu isso e agora ela é quem fica falando "Vai!" e fazendo pose. Também funciona com celular.
6 de outubro de 2009
Quebranto
Minha mãe sabia disso e executou uma das coisas que me provam ainda mais o amor que ela tinha por mim.
Certo dia, uma conhecida macumbeira de nossa cidadezinha nos faria uma visita. Ela então ficou com muito medo de que a maluca pudesse me colocar um quebranto. O que falavam sobre a macumbeira é que ela bastava ela olhar para a pessoa e o "encosto" se instalava. E como minha mãe mesma dizia, eu fui um bebê muito feio. Tão feio que aprendi a andar com poucos dias de nascido, pois ninguém queria me pegar no colo. Se o quebranto vem em mim, Zé Fini.
Então, no dia da visita ela preparou um espaço especial no guarda-roupa para me esconder por lá quando ela chegasse. E ela fez isso.
Quem disse que para amar, precisa achar bonito? Obrigado, mãe.
Abaixo uma foto de quando eu era bebê.
E não me venha com negócio de "coisa fofa" porque eu sei que é mentira. hahaha
17 de setembro de 2009
A culpa é da mulher
5 de setembro de 2009
Leopardo
Música nos remete a lembranças e fatos que aconteceram enquanto a ouvíamos. Se algum fato marcante lhe ocorreu e naquele exato momento tocava uma música, nem que se passem 30 anos, você lembrará o fato assim que a ouvi-la novamente.
Assim também é o perfume. O cheiro, assim como a música, marca acontecimentos ou períodos no tempo. E no meu caso mais ainda, pois nunca usei o mesmo perfume por 3 vezes seguidas. Sempre mudava. Então, quando sinto o cheiro de um dos meus perfumes do passado, sempre lembro a época em que o usava. Impossível sentir o cheiro do número 65 do Contém 1g e não lembrar o dia em que perdi minha mãe ou ainda sentir o fortíssimo Free do Boticário e não recordar da primeira namorada.
Ontem senti um cheiro, que me fez lembrar algo que definitivamente ficou marcado. Trata-se da fragrância de uma colônia chamada Leopardo, que foi o primeiro perfume não tão barato que comprei.
Leopardo foi indicação de um colega de estágio, que contou que usava e as meninas gostavam muito por ser doce e agradável. Não contei pipoca e no caminho de casa, passei na loja onde tinha todos os perfumes que se possa imaginar. A Loja do Careca. E o Careca foi outro que disse que o perfume era uma maravilha, que era muito comprado e que as mulheres adoravam. Não pedi nem que tirasse da caixa e já levei.
À noite, antes de ir para o colégio, abusei. Passei Leopardo até onde você, que só pensa maldade, está pensando. E a primeira reação foi memorável:
- Que diabo de cheiro é esse, menino? Perguntou uma colega.
Aquilo me matou, mas eu ainda tinha esperança de que só ela não havia gostado.
- Ave, que perfume podre! Vai trocar isso! Disse outra.
Aí foi o fim. Admito ser chamado de feio, de bocó, de burro, de imbecil, de idiota, mas de fedorento não.
- Valha, como tu tá fedorento! Disse a terceira e última que me viu naquela noite.
Antes de a aula começar, voltei pra casa correndo, pra tentar chegar a tempo. Tomei um banho, tirei aquela coisa de mim, e nunca mais usei Leopardo... no corpo.
Eu jogava futebol, era goleiro titular do colégio e jogava praticamente todos os dias. Dias antes de comprar Leopardo, eu havia comprado um par de luvas especiais, com boa fixação, lindo design e com uma textura perfeita pra agarrar melhor a bola. Eu não costumava lavá-las e, por concentrar um volume considerável de suor, ficavam com cheirinho ruim. Então tive uma idéia genial: passar Leopardo nelas.
E derramei o vidro inteiro nas luvas. Não era possível que o cheiro de Leopardo fosse pior do que o do suor.
Mas era.
E aquele cheiro me acompanhou por toda minha adolescência durante os jogos. E o pior: impregnou de um jeito que por mais que eu lavasse as luvas, o cheiro não saía. E não saiu até hoje.
Ontem estava arrumando uns trecos aqui em casa e achei as coitadas e quando peguei que senti, lembrei de tudo. Leopardo, mais marcante impossível.
23 de agosto de 2009
DENÚNCIA - Trabalho Infantil
Denuncie já!
;)
21 de agosto de 2009
Autógrafo
11 de julho de 2009
Nas mãos de Deus
25 de maio de 2009
Video-cassete e Bruce Lee
10 de maio de 2009
Turma Inesquecível
A primeira ida à secretaria, a primeira medalha, o primeiro reconhecimento em público, a primeira namorada, os amigos inseparáveis, a primeira briga, a primeira viagem com a turma... São tantas histórias! Algumas, até já contei por aqui.
Cada um tinha seu apelido e era proibido chamar-nos pelo nome. Havia até uma cartolina na parede com todos os apelidos pra ninguém alegar que deu branco. Tinha o Pinto Pelado, o Coureiro, a Maria Cueca, a Calcinha de Boneca (com versão em espanhol El Calcita de Boneca), o “C” (contração de só quer ser viado), o Chorão, o Pezão, a Vaca, o Frango, a Fodaidors (e não me pergunte o porquê, por favor), o Patilha e o maior apelido da história dos apelidos: Sopaneladaossadazedamargossaurodontopodre. O meu apelido? Não digo. Mas justifico: eu juro que não tinha um domingo que eu não tomasse banho.
Criamos também a primeira banda da escola. Não tínhamos instrumentos musicais, mas tínhamos dedos, peito, canetas e as cadeiras pra fazer um som legal. O repertório variava entre paródias esculhambadas e músicas de igreja. Haha
Esse post é uma pequena homenagem a cada um que fez parte dessa infância maravilhosa que tive. Obrigado e saibam que cada um está aqui no meu coração.
7 de maio de 2009
A Boneca 'da' Barbie
3 de maio de 2009
Bebida
1 de maio de 2009
Mães
Às mães, meu reconhecimento e meu muito obrigado por existirem.
23 de abril de 2009
Amigo Secreto
Se eu tinha alguma dúvida se Deus realmente existia, ali a dúvida foi limada! Mas nem precisava me colocar nisso, não é Pai eterno? A cada conquista dentro da empresa, lembro-me dessa história e agradeço a Deus de novo.
21 de abril de 2009
Preguiça
Tenho quase certeza de que as maiores invenções, as mais revolucionárias, foram criadas por grandes preguiçosos. Desde a invenção da roda, quando um preguiçoso pensou: “Caraca, dá muito trabalho carregar esse troço arrastando no chão!” Veja outras invenções que surgiram da preguiça:
Pólvora
Fez com que o preguiçoso não precisasse chegar muito perto da vítima e arriscar sua vida. E puxar o arco da flecha é bem mais desgastante do que puxar um gatilho.
Escrita
Pois era extremamente trabalhoso ter que contar a mesma história várias vezes.
Veículos
Não vai falar que depois que você comprou sua moto, ainda tem forças para andar 100 metros a pé?
As grandes ideias sempre surgem para minimizar - ou até limar - o esforço e o desgaste. É a infindável busca pela objetividade, agilidade e eficiência, movida pela preguiça... quem diria. Então, quando alguém lhe chamar de preguiçoso, dê um sorriso irônico e responda que está revolucionando o mundo.
15 de abril de 2009
O Cantor de Igreja
Pois é. Eu acabei embarcando nisso quando mais jovem. E entrei pela janela. Não passei por processos longos de aceitação ou outros critérios que nem vou comentar senão mudarei o foco do assunto. O fato é que eu tinha uma voz legal, grave, afinada e entrei em um grupo de música.
A minha mãe era bem afinada. Sempre cantava muito e ouvia muitas músicas de qualidade. Eu ficava muito ao redor e acabei seguindo no embalo. Acho que afinação não se aprende (pode-se até melhorar), mas é algo que Deus dá de presente.
E então comecei a cantar em um grupo da igreja. As missas mais bonitas tinham o grupo Totus Tuus na parte musical. Eu era apenas uma das oito vozes que faziam daquelas músicas, motivo de admiração e atenção durante a missa. Foi uma grande fase na minha vida, de muito aprendizado, de entender um pouco mais do sentimento das pessoas, principalmente com relação à religião. E o mais importante: amadureci muito entendendo que há pessoas de todos os tipos e que nem todas são boas apesar de parecerem. E, quando somos cientes de que as pessoas podem e têm o direito - que Deus deu - de serem falhas, ficamos menos sensíveis às possíveis decepções pela frente.
Deixei tudo para trás exceto duas coisas: a minha esposa - que conheci naquele tempo, e o prazer de cantar e ouvir uma boa música.
Contatos para show: (85) 8624... eheh estou brincando. Atualmente só canto no banheiro e para minhas meninas. :)
14 de abril de 2009
Reforma geral
Mudei a parte de cima com uma logomarca nova, mais moderna e considerando o anômimo mesmo. E haverá apenas 6 posts por página para ficar mais leve e respeitar aqueles que ainda não usam banda larga.
Coloquei links à direita para quem quiser fazer parte da comunidade do blog no Orkut e para quem quiser me acompanhar no Twitter.
Mudei a ordem das coisas da barra direita para priorizar o que acho mais importante mesmo. Os links dos amigos estarão ali sempre que atualizarem seus blogs (e sempre espero ansioso).
Procurarei usar o mínimo de fotos da internet e produzir minhas próprias fotos para ilustrar o blog. Vai ficar ainda mais original.
Bom, espero que você goste e continue sempre bem vindo ao nosso blog. Obrigado a todos que comentam e ajudam a divulgar.
Para matar a saudade, veja links dos posts mais memoráveis segundo a comunidade. Um abraço!
http://anonimofamoso.blogspot.com/2007/04/coisas-de-me.html - Coisas de Mãe
http://anonimofamoso.blogspot.com/2007/05/no-eu-no-dou-sinal-de-luz-para-os.html - Não dou sinal de luz
http://anonimofamoso.blogspot.com/2007/06/saudade.html - Saudade
http://anonimofamoso.blogspot.com/2007/06/blog-post.html - Água pura
http://anonimofamoso.blogspot.com/2007/08/flanelinha.html - Lavador de Carros
http://anonimofamoso.blogspot.com/2007/09/doce-de-leite.html - Doce de leite?
E tem muito mais!
13 de abril de 2009
Ninar
Ouvir a voz de quem temos certeza que nos ama, cantarolando o que a gente nem entende, parece surtir um efeito de proteção, tranquilidade, paciência e muita confiança. A Lumara é difícil de dormir. É elétrica! Quando a gente pensa que ela vai dormir, ela percebe algo e pronto, volta à eletricidade máxima. Mas... quando a gente resolve ter a paciência de cantar, ela para, observa, pouco-a-pouco encosta a cabeça em nosso peito e... puf! Dorme.
Tenho uma tia que descobriu uma melodia fatal. É de uma música que sempre se canta nas igrejas católicas que diz "Aleluia" oito vezes seguidas em tons diferentes. É tiro e queda. Percebi que ela também gosta das melodias de alguns comerciais que ouço de vez em quando, em especial, um do canal Futura onde um homem de ar sai flutuando pelo mundo do conhecimento. Estou tentando adaptar o hino do São Paulo mas não tem sido muito eficiente.
Enfim, já é uma tradição de família. Minha mãe também cantava pra mim e, o melhor, com letras próprias! Uma delas e a mais inesquecível era:
7 de abril de 2009
A época das brincadeiras
Tinha o tempo da bila...
Bola de gude
E todas as ruas se enchiam de buracos, cacos de bila, cada criança com seu saquinho de bila, bilas coloridas, havia luta pelo maior cocão (bila maior), bilas de ferro eram roubadas dos rolamentos nas oficinas e muita diversão.
Tinha o tempo da arraia...
Pipa
E todas as crianças não viam a hora de voltar da padaria, pegar a sacola e transformar em rabiola (rabo da pipa). As papelarias adoravam ver aquele monte de criança querendo comprar papel de arraia. Linhas nylon – sem cerol - enroladas em latas de leite vazias para passar a tarde inteira vendo aquele colorido no céu.
Tinha o tempo do estorô...
Uma espécie de polícia e ladrão entre grupos.
E ninguém queria correr menos que o amiguinho. Os moradores nem estranhavam quando a gente invadia seus quintais procurando um bom esconderijo, e ninguém se importava de correr sem camisa e com uma máscara de ninja pelo meio das ruas.
Tinha o tempo do tubo...
Esconde-esconde onde o poste é substituído por um tubo de plástico.
E não se falava em mais outra coisa durante todo o dia. Mais de 20, 30, 50 crianças de todas as partes da cidade se reuniam em volta de um único tubo. O que conseguia chutar mais vezes o tubo e libertar muitos amigos virava herói no dia seguinte.
Tinha o tempo da carteira de cigarro...
Embalagens de cigarro transformadas em notas – como dinheiro - que eram usadas em pequenas apostas ou competições de tiro de chinelo à distância.
E rico era quem conseguia encontrar uma carteira de cigarro importado. A demanda das ‘notas’ definia seu valor. Lembro-me que Belmont (a mais usada por bêbados) era a nota mais baixinha, todos conseguiam achar. A Charm era de valor médio. Malboro e outras raras eram equivalentes a ouro. E em toda a minha vida, jamais encontrei outra boa serventia na fabricação de cigarros.
Tinha o tempo do futebol de travinha...
Futebol jogado no meio da rua onde as traves têm menos de um metro e são feitas com uma banda de tijolo ou chinelos.
Ah, o futebol! Todo tempo era tempo de futebol. Chegar da aula, trocar de roupa e partir para a rua jogar futebol! Ainda lembro de detalhes, algumas jogadas e de um gol de cabeça que fiz.
A infância precisa ser intensa, gostosa e inesquecível. Tive muita sorte por ter pais que compreendiam isso e ainda, por ter amigos que me ajudaram a fazer de minha infância a preciosidade que foi.
1 de abril de 2009
Vocação para ensinar
- Mô, me ensina a dirigir?
A princípio considerei uma ótima ideia. Lembrei das viagens que fazemos à noite e que eu bem que poderia trazer a Lumara no colo enquanto ela dirigiria. Topei na hora e aí fizemos a primeira aula.
Senti que ela estava emocionada ao sentar no banco do motorista. Suas mãos tremiam um pouco e seu sorriso era contagiante. Percebi também que ela tentava me esconder, por trás desse sorriso, que estava morreeeendo de medo. Tentei tranquilizar falando que era muito simples e dando as orientações mais básicas.
O carro estancou cinco vezes antes de ela conseguir sair. Não adiantava eu tentar acalmar, o negócio não fluía. E aí seguimos normalmente, de segunda, quando vem um carro em nossa frente numa pista onde passariam uns 10 carros ao mesmo tempo:
- E agora, e agora, e agora? Perguntou ela.
Repeti "calma" muitas vezes sendo que eu mesmo não consegui ficar calmo. Ela parou o carro e disse que nunca mais dirigiria comigo do lado.
Um mês depois, eu mesmo, com sentimento de culpa, decidi pedir pra ela tentar mais uma vez. Ela aceitou. Nessa vez, o carro só estancou quatro vezes e no primeiro cruzamento ela quase subiu na quina da rua quando foi fazer a curva. Confesso que perdi um pouco a paciência, aliás, descobri que não tenho paciência para ensinar a dirigir.
O que me conforta é que conversei com alguns amigos que comentaram sobre a mesma dificuldade. Concluí que é extremamente difícil "ensinar à noiva, namorada ou esposa a dirigir". Por que será?
Aqui fica meu reconhecimento aos amigos que conseguem essa façanha. :)
30 de março de 2009
Ptu, papapapa, Jibuuu, paiiinnnnn, mamamama!
Eu juro... Eu juro que pagaria caro pra entender o que ela quer dizer.
24 de março de 2009
Meu nome é esquisito?
Tem um que é de Quixeré e ainda é fera:
http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=15778067358183162281
Outro que é DJ:
http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=2619223973838332133
Tem o pegador:
http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=17943153372058433742
Tem até um presidente dos EUA:
http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=17740397942494601651
Bom... agora só falta alguém colocar o nome "Luilton" em algum personagem de novela das oito e aí sim, nunca mais terei que repetir meu nome três ou quatro vezes a quem perguntar!
23 de março de 2009
O Primeiro Artista
O cenário era sempre o mesmo: uma lâmpada amarela pendurada na frente da casa, dois tamboretes, uma viola, um pandeiro e um chapéu no chão. Bancos de madeira em forma de V, acomodavam a plateia que chegava aos poucos e a partir das 20h todos ficavam apenas aguardando o nosso grande ídolo.
Era o momento de rever os vizinhos, a comunidade. A roupa nova que fulano comprou, o chapéu novo, o perfume forte, o sorriso e a petulância de cicranos...
Todos queriam ver ele. O maior cantor de cantoria que conhecíamos. O que encantava todas as senhoras, tinha o respeito dos senhores e admirava aos olhos das crianças como eu.
Manoel Gonçalves.
O parceiro dele (o do pandeiro) variava, mas ele, Manoel Gonçalves, sempre estava lá com sua viola fazendo rimas e rimas, cantando a nossa vida e no nosso ritmo. Não durava 10 minutos, o chapéu enchia de dinheiro.
Após o show, eu e meus amigos saíamos cantarolando os versos, certos de que queríamos ser cantores de cantoria quando crescêssemos.
Ô saudade...
15 de março de 2009
Canudinho
- Que suco que tem? Perguntei.
Ele virou as costas e foi para o freezer.
Eu nunca havia visto um suco tão feio. Imagine um suco de melancia, misturado com pedaços de queijo e pedaços de manteiga por dentro. Então, coloque clara de ovos batida na parte de cima e de baixo.
Desviei o olhar pra baixo pensando em sair dali com sede, quando vi o que poderia me salvar naquele momento: um coco! Afinal, a água do coco não passa por manejo, é limpa e vem como a natureza quer.
A cara dele foi de um desânimo total. Na lanchonete não havia aquela ferramenta que abre coco com uma simples furada. Ou seja, ele teria que usar o método tradicional com um facão, rodeando a parte de cima e ainda levar um esguicho na cara. Ele fez.
Quando ele trouxe o coco, colocou um daqueles suportes de canudinhos do lado e eu tirei um. Eu nunca havia olhado para o interior de um canudo antes, mas toda aquela situação (do suco, do desinteresse do dono, etc.) me fez duvidar de tudo, inclusive... do interior do canudo.
Rapaz... raramente eu tenho ânsia de vômito, mas nesse dia eu quase desmaio. Não apenas por ver aqueles pontos pretos, ilhas de milhares de bactérias e bastante mofo por dentro daquele canudinho, mas pelos pontos pretos, ilhas de bactérias e mofo dos canudinhos que não olhei durante toda a minha vida.
Tirei dois reais da carteira, deixei no balcão e fui embora, para nunca mais voltar. Mas agradeço por esse momento, já que depois disso eu nunca mais deixei de olhar os canudinhos quando vou tomar algo. E olhe, é de impressionar.
E você, também olha o interior do canudinho?
2 de março de 2009
A Claro está escura
Nunca imaginei que uma empresa tão grande pudesse ser tão negligente. Não falo em ter um serviço ruim, pois tecnicamente, em tudo é permitido falha. Mas principalmente, no descaso com um cliente e cidadão, na demora para atender minhas necessidades e meus problemas.
Bom... quando a situação normalizar (eu mudar de operadora), retornarei com as historinhas. Um abraço.
11 de janeiro de 2009
O Cheiro do Amor
Como em todos os nove de maio, acordei muito feliz, vibrante, leve e com a doce sensação de mais um ano bem vivido e com o desejo de no mínimo manter a felicidade em que me encontrava por mais muitos anos.
A lembrança dos amigos só alimenta cada vez mais esse sentimento de alegria. A minha esposa, claro, foi a primeira a me dar os parabéns. Preparou um belo café da manhã com o bom e velho sanduíche de manteiga e foi até a porta comigo quando saía para o trabalho. Pouco a pouco os familiares e os velhos amigos começaram a ligar e eu me sentia cada vez mais amado, exceto pelo fato de ninguém da minha nova equipe haver lembrado.
Durante o dia inteiro, nenhum sorriso diferente, nenhuma pequena manifestação ou, pelo menos, algo que deixasse escapar uma festinha surpresa no final do expediente. Nada. E eles sabiam do meu dia pois, no mês passado, durante a festinha que havíamos feito para um dos colegas, foi proclamado em alta voz que a próxima festinha era pra mim.
Exatamente naquele dia, o meu superior regional estava na cidade. Uma visita de rotina, uma conversa com a equipe e logo voltaria à capital. Fim do dia, todos para casa, inclusive o chefe. E, claro, eu também.
Ao chegar em casa vou rapidamente desabafar com minha esposa a frustração por ninguém da minha nova equipe haver lembrado do dia do meu aniversário. Poxa, nenhum cartãozinho em PowerPoint? Eu não merecia.
- Ah, faz menos de seis meses que você está aqui. Eles não teriam obrigação de lembrar. Não fica assim... Disse minha mulher.
A parte do “não fica assim”, ela falou com aquele tom de esposa para marido, com um olhar lateral e sorriso maroto. Bom, seria um maravilhoso encerramento para um dia de aniversário e não perdemos tempo. Estávamos na sala de estar e na sala de estar aconteceu tudo...
... até ouvirmos a campainha.
Deixei o meu posto e fui verificar pelas venezianas quem se atrevia a incomodar naquela noite tão especial. Era toda a minha equipe, suas famílias e, de quebra, o meu chefe. Umas 25 pessoas com um monte de salgadinhos e refrigerantes nas mãos, atrás do portão do prédio chamando por mim.
Numa mistura de vergonha e surpresa agradável, gritei “já vou” e começamos a operação “desmancha ambiente”: vesti minha camisa, ela colocou o vestido, colocamos o sofá e a mesa de centro no lugar, enxugamos o suor nas roupas e ligamos a luz. Ops! Minha camisa estava ao avesso... Coloquei do lado correto e enxuguei um pouco mais do suor. Tudo isso em menos de 20 segundos!
Abri a porta com um sorriso meio amarelo e fui caminhando lentamente até o portão. Era um tempinho a mais que minha esposa teria para ajeitar algo. Umas trocas de chave – propositais – no cadeado do portão e mais tempo ganho. Até que eles entram.
Apesar do nosso esforço não deu para disfarçar em nada o que estávamos fazendo havia alguns minutos. O suor era incontrolável pela situação e vergonha naquele momento. Enquanto as mulheres colocavam a mesa, eu tentava fazer de conta que não estava percebendo as risadas contidas. Afinal, quase todos eram casados e conheciam muito bem aquele ambiente. Ainda pairava o cheiro do amor, odor tradicional desses momentos que todo mundo reconhece. O mais engraçado era a carinha de nojo que todos tinham ao apertar minha mão. Isso foi interessante. O resto foi só vergonha.
Na época eu não sabia muito bem se estava feliz ou envergonhado com a surpresa. O que sei é que foi um momento inesquecível, exatamente como devem ser os dias de aniversário. Portanto, hoje não tenho dúvida: estava feliz.
E fica uma dica. Nunca faça uma festa surpresa com alguém sem combinar com a esposa ou esposo.